terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Controvérsias corporais


Alguns autores se atentam em demasiado para movimentos instáveis do corpo humano. Dizem que a forma como uma pessoa caminha “representará um traço estável de sua personalidade”. (Casal Pease). Mas como apontar todo um traço por meio de um andar? Isso seria admitir que esse mesmo sujeito que anda, caminha desta mesma forma sempre. Esse pode parecer um detalhe bobo, mas não o é. Um sujeito cansado pode estar andando devagar e ter os ombros caídos, o que não quer dizer que ele não preza pela objetividade em suas aspirações, pois seu cansaço é efêmero; já um sujeito com medo pode caminhar velozmente, contudo, isso não significa que este seja o andar habitual dele, então por que entendê-lo como um sujeito vigoroso e ávido por conquistas?
Quando não se atenta aos detalhes que a linguagem corporal do outro pode nos oferecer, tornamo-nos incapazes de contextualizar nossas observações e erramos em nossas interpretações.
Mesmo quando se observa bem, podemos incorrer em erros assombrosos. A personalidade de outra pessoa não se revela aos nossos olhos e não se revelará jamais em sua totalidade, podemos descobrir sim, traços de seus comportamentos, as inclinações as quais estão sujeitas suas condutas, mas nunca (e muito menos num relancear de olhos) aspectos holísticos de sua integridade psíquica.
Em muitos casos serão necessárias horas e até mesmos dias de observação meticulosa e – uma importante colocação – longe dos olhos do observado, pois este pode alterar involuntariamente ou não sua deambulação. Descrição é fundamental... Quando se observa aparentemente de maneira distraída é muito mais provável descobrirmos detalhes no emissor que não seriam revelados por ele mediante uma observação afetada (olhos petrificados em cima da outra pessoa).
De volta a minha frase inicial dessa postagem, sinto que não há nada que seja estável em nossa personalidade, em nossos modos de gesticular, andar, movimentar-se enfim, pois estamos a cada dia vivendo uma nova experiência e passando por novas situações e emoções distintas. Nenhum ser humano dorme do mesmo jeito que acorda... a nossa própria estrutura orgânica reage de mil maneiras diferentes (e isso não é um exemplo hiperbólico). As contrações do coração sofrem constantes variações, diante de emoções variadas ou não.
Os músculos reagem mesmo que não tenhamos consciência disso; executamos movimentos peristálticos que independem de nosso controle constante, enquanto realizamos muitas outras atividades simultaneamente. Pois bem, nada é estável na constituição humana e isso acontece primordialmente porque estamos sempre sofrendo evolução. (por mais inacreditável que essa sentença pode parecer, os acomodados também se incluem nela).

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A mentira através da linguagem corporal

Não acredito que existam especialistas capazes de detectar a mentira. Essa é sem dúvidas uma frase ousada, mas calma, explico:
Para dizer que alguém está mentindo, é preciso que se esclareça o que é a verdade; de que se trata a mentira; se a verdade existe mesmo em substância e essência; se verdade e mentira podem “coexistir” numa mesma afirmação/expressão etc.
Eu não creio que a mentira possa ser “destilada” da verdade e vice-versa. Pensemos por exemplo nas mentiras brancas, isto é, aquelas contadas sem a intenção de causar danos prejudiciais a si mesmo e/ou ao outro. São aquelas mentiras diárias que se contam para não provocar o caos no mundo. Como, por exemplo, dizer ao cabeleireiro depressivo que seu corte ficou bom quando na verdade você detestou. Mas faz isso para não perder o amigo e conseqüentemente o desconto que ele oferece em seu salão. Esta não precisa ser considerada uma mentira no sentido lato do termo.
Segue uma das definições que mais respeito de Derrida em Estória da mentira. Diz ele que mentir seria “dirigir a outrem (pois não se mente senão ao outro) um ou mais de um enunciado cujo mentiroso sabe, em consciência explícita, temática, atual que eles formam asserções total ou parcialmente falsas”.
De fato para mentir, geralmente existe intenção de enganar, ainda que seja um engano brando e inócuo. (volto ao tema quanto ao auto-engano).
Faz-se mister que o sujeito que mente saiba que verdade ele precisa esconder para, diante disso, ou extirpar esta verdade e criar uma mentira, ou deformar essa verdade transformando-a numa mentira. Assim, é quase um mérito estóico demarcar os limites que separam a verdade da mentira.
Como quase todos os sites que citam os traços de afetação os quais fazem o sujeito se entregar e as suas mentiras, também citarei alguns, porém, não com o intento de passar a falar sobre o tema partindo do meio e não da origem da questão.


Problemas...

Antes de tudo preciso esclarecer... Muitas vezes não somos donos de nossos próprios corpos e nunca dos corpos dos outros. Cuidado com autores que pregam a leitura corporal como meio de entendimento perfeito das intenções alheias. Pode-se descobrir muito acerca da postura, gestos e trejeitos de sujeito, mas não com 100% de assertividade. O problema em achar que se é um bom conhecedor da linguagem corporal é cair no erro de acreditar que se é senhor dos pensamentos dos outros. Que este ou aquele gesto significa isso e (ponto). Não é assim que a linguagem corporal deve ser analisada. É justamente o que andam fazendo da linguagem corporal - no Brasil especialmente - que me faz tomar uma posição.
Caso pesquisem sobre linguagem corporal nos sites de busca, encontrarão muitos artigos e até livros, uns bons, outros medíocres e muitos totalmente errados.
Cuidado; desconfie dos Xamãs da Linguagem corporal. Muitos não fazem o que dizem fazer, sequer conseguem ler algo na fisionomia de outrem e, aqui deixo um conselho de amiga: copiar e colar sem referências bibliográficas é crime, é abusar da boa fé de outras pessoas e menoscabar de autores genuínos.
Outra questão: usar das facetas produzidas por determinada linguagem corporal também é igualmente danoso. Principalmente se se quer conquistar romanticamente outra pessoa. Não se deve manipular o indivíduo em benefício próprio ainda que isso traga luz às pesquisas científicas. Falando nisso, Pesquisas devem ser feitas de modo rigoroso, mensurável, de acordo com o que pede a Ciência empírica, por meio de dados verossímeis e não deixando uma enquete online para qualquer um mentir o que pensa... Qualquer pessoa que esteja cursando uma graduação razoável sabe disso.

É com muita indignação que resolvi criar meu próprio Blog.